Tarifas dos EUA sobre alumínio e aço devem afetar quase 5% das exportações mexicanas

A ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de aplicar tarifas sobre importações de alumínio e aço impactará 4,7% das exportações do México para os EUA, incluindo autopeças, eletrodomésticos e produtos eletrônicos, segundo o think tank mexicano IMCO.

O impacto seria equivalente a mais de 1,5% do PIB do México em 2024, apontou a entidade em relatório. Estima-se que “a soma das exportações desses bens recém-incorporados ultrapassou os US$ 20 bilhões em 2024. Impor tarifas a essas indústrias complicaria suas operações e as faria perder eficiência”, afirma.

Em 10 de fevereiro, Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, a serem aplicadas a partir de 12 de março. O governo dos EUA justificou essa medida usando as disposições da seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, que permite o ajuste de importações de bens por razões de segurança nacional.

A medida será aplicada universalmente, inclusive aos países com os quais os EUA têm acordos de livre comércio, como México e Canadá.

“Se materializados, os efeitos sobre os produtos de alumínio exportados pelo México excederiam em muito os de 2018, quando os EUA impuseram tarifas sobre aço e alumínio pela primeira vez, segundo a seção 232”, afirmou o IMCO.

De acordo com uma pesquisa da entidade, o valor total das exportações mexicanas de produtos com teor de alumínio sujeitos à nova tarifa ultrapassaria US$ 22 bilhões, com base em dados do US Census Bureau e na proclamação presidencial de Trump.

INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

A IMCO destacou que, se entrarem em vigor, o impacto das tarifas sobre as exportações mexicanas será mais significativo do que aquelas aplicadas no mandato anterior de Trump, uma vez que se aplicariam a produtos manufaturados em alguns setores críticos, como o automotivo.

“Das 123 frações tarifárias incluídas nesta proclamação, 68 correspondem a produtos fabricados naquela indústria, como sistemas de ar condicionado, capas de veículos e outras peças essenciais para fabricação e montagem”, disse o IMCO.

“Em 2024, essas novas 68 frações sozinhas – todas adicionais àquelas contempladas nas tarifas de 2018 – representaram um valor de mais de US$ 20 bilhões, o equivalente a 3,91% do total das exportações do México para os EUA”, acrescentou.

O setor manufatureiro do México foi responsável por aproximadamente 44% do total de suas exportações em 2023 e a indústria automotiva representou 36%.

“Estas disposições se somam às tarifas anunciadas em 19 de fevereiro, que impactam a importação de automóveis, produtos farmacêuticos e semicondutores, cuja implementação está prevista para 2 de abril”, acrescenta o relatório da IMCO, que propõe uma série de ações para evitar que as medidas sejam implementadas ou, se necessário, estar preparado para reagir.

Tais ações incluem o cumprimento integral das disposições do acordo comercial T-MEC com os EUA e o Canadá, mas também “preparar estrategicamente a lista de retaliações, minimizar o impacto sobre os consumidores mexicanos caso as tarifas entrem em vigor e, se necessário, facilitar o acesso a fornecedores alternativos”.